terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Tempo

"Saturno entrou em Libra."  - Costumo dizer isso quando algo não vai bem e " Escorpião reside aqui" quando realmente algo não vai bem. Seja lá o que isso signifique, eu repito até que tudo se resolva ou ao menos eu passe a pensar assim, já que não sei o real significado do meu mantra.
Acho que no fim das contas perdi o jeito com as palavras.
São rascunhos, borrões, idealizações não pronunciadas por anos.
ANOS.
Passaram tão depressa que nem acredito que algo me trouxe até aqui novamente.
Um presságio me mostrava que eu voltaria, mas não acreditava que teria um estopim assim, tão rápido.
Voltei a ler, não com calmaria, devorando.
Coloquei aquela velha música, daquele beijo lá pra fim de julho. Ainda consigo sorrir ao ouvi-la e pensar em quantas coisas mudaram e em quem me tornei ao longo de todos esse anos.
Mais uma vez, ele, o temido, tempo.
Dez anos se passaram desde que escrevi a primeira vez, coisas tão desconexas quanto as que escrevo agora, quase que apenas transformando em virtual as mesmas palavras que escrevia nos diários mais inseguros que a Terra já viu.
Meus pulsos doem.
Penso em quantas horas de sono eu ainda tenho e em como me sinto uma senhora de idade, incapaz de me prender até pelo meu maior vicio e durmo.
Durmo pesado, mas sem descanso.
Durmo muito, durmo pouco.
Não tenho sonhos.
Eles estiveram por aqui no início, mas ultimamente se escondem perdidos por aí.
Me pergunto sobre o que se trata esse texto afinal de contas e percebo que é sobre mim, sobre quem eu precisei me tornar e as escolhas que fiz.
Leva tempo, mas a gente floresce, as raízes se firmam, as folhas são aparadas e com o passar da vida os frutos brotam.
E comigo não seria diferente. 
Ainda estou tentando descobrir quem eu escolhi para ficar ou talvez quem foi separado para permanecer
Parti arestas que doeram e outras nem tanto, apesar do tempo.
Talvez eu volte,
essa é apenas a primeira parte de tanto que ainda tenho a falar.

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