quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Arremendo

" Há meros devaneios tolos a me torturar. Fotografias recortadas em jornais de folhas. "   

— Chão de giz, Zé Ramalho. 


Eu me pergunto quanto pode caber em um silêncio. Quantas metades te fazem um inteiro? Tento achar uma saída que me ajude a te curar. A me curar. Eu olho pro relógio enquanto te espero adormecer. Quando vejo teus olhos descansarem e teu rosto refletir um sono tranquilo eu levanto vôo. Delicadamente eu tento tirar todos os curativos e tratar suas feridas. E enquanto eu o faço vou cantando. Não sei o que é, mas você sorri enquanto eu canto, então eu simplesmente faço isso todas as noites. Cuido de cada pedacinho quebrado. Alguns talvez sejam culpa minha, então eu tento cuidar melhor. Ás vezes você não percebe, mas eu estou aqui. Acho que sempre estive. Não consigo achar outra coisa para fazer que não seja estar aqui por você. Você se remexeu muito essa noite. Um arremendo. Quanto cabe nessa imensidão que é você? Quão alta foi a queda? Quão profunda são essas marcas que meus olhos não podem ver, mas que meu coração sente? Espero que você encontre sua morada, sua casa, seu lar. Abra suas asas pequeno anjo. Elas estão ai, guardadas dentro de ti. Abre os olhos, o coração, alivia sua alma. E assim eu te cobri e você adormeceu, sereno e indescritível

5 comentários:

Lucas - Blog: Overture disse...

Perfeita doação de amor! Silenciosa e permanente. 'Quanto cabe nessa imensidão que é você?' Cabe esse amor que cura no anonimato, e que, afastada a razão e os sentidos, toca na alma ferida, no coração machucado! Essa serenidade indescritível de um sono, é a serenidade indescritível de alguém que não poderia viver ou sobreviver em nenhum outro lugar que não neste, com exatamente esta pessoa ao lado! Tens o dom das palavras. Beijossssssss

Brenda de Moura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Brenda de Moura disse...

Obrigada Lucas! Tento apenas tornar mais leve o turbilhão de pensamentos e sentimentos que nunca conseguimos expor ou traduzir. E pelos textos isso é possível.

Caleidoscópio de Idéias disse...

O quão belo é doar-se, cuidar das feridas alheias, como se fosse para apagar nossas próprias cicatrizes.
Belas palavras!
Beijos.

Unknown disse...

Obrigada Lu.

Mais bonito que receber é doar-se.

beijos !