domingo, 2 de setembro de 2012

Sobre cafés amargos e camas vazias.

Eu queria ter encontrado um meio de ter escrito sobre isso antes. Pude sentir as palavras gritando, ecoando dentro de mim, se rebatendo numa parede imaginária. Noite após noite algo dentro de mim só fazia aumentar e a necessidade só fez aflorar. Essas palavras vazias que jaziam dentro de mim há tanto tempo. Escrevi um trecho ou outro pensando em como falar de você. Foi sobre um dia frio. Era sonho, eu sei. Mas ali também se fez realidade quando eu pedi por você. E você entrou, repartiu cobertor e me chamou pra dormir. E eu, sempre tão acostumada a lençóis frios e cafés solitários, me vi em uma cama aquecida, após uma xícara de café com açúcar. E um dia você aprende, que o fogo esquenta, mas também pode queimar. E queimou. Doeu e marcou. Se eu fumasse, aquele seria o momento perfeito para acender um cigarro, sentada de frente para a rua, vendo através da vidraça suja um carro velho parado, mofando na alameda fria e vazia. E sufocou. Desculpe, está sufocando. Talvez seja o momento, entende? Me sinto pressionada e você não tem aliviado, tem me impulsionado contra a parede, me colocando diante da beira do abismo. Estou ignorando. Eu sei, eu sei. Prometi no final do ano passado que jamais faria isso outra vez, mas veja que fragilidade a minha. Ainda insisto em acreditar que existe essa magia, esse encanto, mesmo que olhando em volta só encontre mais uma sala vazia. Se perdeu, esfriou, como aquele banho gelado que tomei noite passada. São duas da tarde. Recebi uma carta que fez minhas mãos tremerem. Nomearei o remetente como Solidão. Sabia que uma hora ou outra ele mandaria notícias, dizendo sentir saudade e avisando que logo mais faria uma visita. Deitei na cama. Queria fazer o tempo passar. Resolvi encolher-me, perdoe essa minha falta de bom senso, mas quando o café acaba fico rabugenta. Você saiu sem dizer onde ia, me deixou assim, sem saber o que esperar. E mesmo com tanta fragilidade, guardei o ultimo olhar. Não vou ficar olhando para a porta da sala de minuto em minuto te esperando voltar. Vou fazer por onde você volte. E aí, assim, eu vou te fazer lembrar que um dia eu já fiquei por dias  deitada em camas frias com doses de cafés amargos e que a sua bebida é como um néctar pra quem já ficou noites sem se alimentar de amor. E assim você vai entender o que eu quis dizer com " o fogo esquenta, mas também pode queimar." Então não esquece meu bem que esse sorriso doce já passou por noites em claro demais pra se abalar por uma destreza alheia qualquer.

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