— Ju?
— Oi Bel.
— Oi Bel.
— Li seu texto ainda pouco.
— Triste não é?
— Sim.
— Tá tudo bem, Bel? Cadê o Lu?
— O Lu tá ali, dormindo no sofá. - passa a mão nos cabelos, suspira e olha pro sofá.
— O que aconteceu?
— Sabe aquelas pedrinhas?
— Sei, o que tem elas?
— Eu percebi que tem elas por aqui também, sabe?
— E o que você vai fazer?
— Eu tenho pensado sobre isso. Essa semana me machuquei um pouco nelas. Pensei que eram firmes, mas elas só estavam cobertas de limo, escorreguei e caí.
— Já levantou?
— Sim, mas ralei um pouco os joelhos.
— E o Lu? Segurou sua mão?
— Na hora não. Mas ele veio e pediu desculpas e me ajudou a limpar os joelhos.
— Quer desistir?
— Não. Eu não sei... Sabe quando dói, mas mesmo doendo você sabe que ainda pode continuar?
— Sei sim. Essa semana também escorreguei nessas benditas pedrinhas.
— E o Gil?
— Fez o mesmo que o Lu. Me deixou só, mas depois me ajudou.
— Eu seria covarde se desistisse agora. É só que o medo tá tão grande.
— Ele te ama?
— Acho que ontem descobriu que ama.
— Ele também tá com medo.
— Sim. Ele está.
— Mas você também está.
— Sim. É porque eu tô amando ele também. Eu tenho medo disso.
— A gente teme o desconhecido, Bel.
— Eu não consigo dormir.
— Tem sonhado com ele?
— Partindo. Já perdi ele de diferentes maneiras essa semana.
— E no fim do sonho, você segura a mão dele?
— Sempre.
— Então continua segurando Bel.
— E as pedras, o que faço com elas?
— Te equilibra. Machuca? Sim. Dói? Muito. Mas no final vai ter valido a pena.
— Eu vou tentar.
— Vai conseguir. Não desiste Bel.
— Você vai tentar também?
— Sim. O Gil tá tentando também.
— Estamos todos nadando.
— Sim. Não esquece Bel que pra ele tá sendo uma luta contra ele mesmo por você.
— É só que algumas vezes parece o inverso, parece que ele quer partir.
— Não sua boba. Ele quer ficar. Ele se prendeu no teu sorriso.
— Mas eu só fiz chorar.
— Ele sabe. Ele entende que isso magoou você, mas só assim ele vai saber se vale a pena lutar por você.
— Eu pensei que ele pudesse ver nos meus olhos que eu o amo.
— Bel, ele pode. Mas a nossa mente tem mania de distorcer as coisas pra satisfazer nossa vontade, então só assim o Lu vai descobrindo que você o ama.
— Eu fiquei do lado dele quando ele tava triste. Ele queria que eu fosse embora, não queria estragar minha noite, mas só de ver ele ali, deitado, tristinho, já me deixava mal, muito mal.
— Ele viu que você o ama.
— Isso parece diálogo de psicóloga.
— Haha. Quem sabe.
— Eu o amo.
— Ele te ama.
— Vou acordar ele agora.
— Vai dizer que o ama?
— Com todo meu corpo e minha alma.
— Então corre menina.
— Até logo, Ju.
— Até logo, Bel.
Fim da ligação.
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