segunda-feira, 20 de janeiro de 2014


UntitledBati no peito numa tentativa de aliviar o coração que pesava como chumbo. Olhei pela janela a fora, tentando encontrar as palavras certas e sabia que todas as portas só levariam esse relacionamento de volta ao mesmo lugar. Estava tudo deserto dentro daquela alma, o amor que antes ali habitara agora não era mais que um sopro num deserto cheio de dor. Quando se tem a pureza partida, como eu tive, fica difícil acreditar que a vida continua e que as exclamações do corpo não são só um pedido de socorro, mas muito mais do que isso, são o som da morte. As mãos trêmulas eram quase um grito, um som que se propagava naquele lugar silencioso. Já não suportava ouvir uma única canção, porque toda a nossa história havia sido escrita pelas composições alheias que entoavam e davam vida aquele romance. Ele fora bem claro ao sair naquela manhã frigida de Janeiro, deixando apenas o odor do mofo naquela sala agora desabitada. E agora eu já não sabia mais qual o caminho a ser tomado. Os céus testemunham a minha dor, meu sofrimento corre pelas minhas veias. É muito difícil tomar suas próprias decisões e aprender que agora a vida segue e você tem que caminhar sozinha. Havia lágrimas em meus olhos quase que o tempo todo. Uma saudade misturada com solidão. Nunca fui de beber, mas bebia quase todos os dias a minha tristeza. Me deram uma dose de amargura bem batida e eu me viciei. Eu era muito jovem pra ter tido meu coração partido e eu o amava tanto, com uma pureza que inebriava a vida e a preenchia de luz e cor. Esta mesma sala um dia tinha sido colorida, cheia de sons e de cheiros maravilhosos, mas isso foi muito antes de tudo se perder. Perdão se as palavras não parecem fazer muito sentido, meus pensamentos andam muito desconexos e em alguns momentos eles mudam mais rápidos do que meus dedos são capazes de escrever. Ele era mais lindo do que minha mente pode lembrar. E quando eu me desesperava, diante da realidade de nossas vidas seguirem caminhos diferentes, ele vinha e me acalentava com palavras de ânimo. Eu amava quando ele dizia que não conseguiria mais viver sem mim, que não entendia como pôde não ter me conhecido antes. E no fim das contas eu só estive cavando meu próprio buraco enquanto alimentava essa ilusão de que tudo seria para sempre. Chora menina, deixa a lágrima lavar essa tua alma pequena, esse teu coração gigante, que mal cabe em ti e precisa urgentemente encontrar alguém com quem dividir-se. E tudo o que eu queria era ter aqueles olhos procurando por mim. Só por mais uns instantes poder ouvir a voz dele sussurrando o meu nome enquanto aquelas mãos, tão minhas, me abraçavam e me faziam ir à um lugar só nosso. Não consigo dormir, ao menos não no horário normal. Passo muito tempo pensando em nós. Sinto a dor, a ausência, o vazio. Onde antes eu só sentia amor, agora habita um sentimento desconhecido por mim. São 1:58 e eu só consigo pensar no que ele está fazendo uma hora dessas e nas mil razões que podem tê-lo feito partir, apesar de ter me dito que nunca seria capaz de me deixar, que me perder seria pior do que morrer. E agora onde estamos? Aonde está você, querido? Que não está aqui pra me dizer que tudo isso vai ficar bem. Aonde está o seu coração que já não me pertence? Para onde tudo isso foi, que se perdeu nessa imensidão de incertezas?

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