
Dia desses me sentei em um banco de praça. Tinha essas manias bobas de ficar olhando as histórias de amor que caminham por ai e nós tão distraídos deixamos por tantas vezes passar. Eu costumava abrir as cortinas, me sentar na janela da sala e olhar o amor caminhar pelas ruas de pedras, aqueciam as noites frias. No ônibus eu tinha uma cisma de ficar pensando em como as histórias de amor dos casais sentados juntinhos, haviam começado. Tentava pelo olhar apaixonado, medir a intensidade daquele relacionamento. Mas as minhas histórias favoritas eram as enrugadas, sofridas, antigas. Essas me traziam uma sabedoria enorme. Ficava sentada por horas, só olhando aqueles casais de velhinhos andando de mãos dadas. Dias desses eu descia a rua da casa do Lu quando me deparei com um casal, tão antigo quanto se pode pensar. Eles caminhavam e seguravam na mão um do outro. Quase parei na rua. Sorri, toda boba. Pelas suas feições, aquele amor existia no minimo uns 70 anos. Ah, como eu gostava de sentir esse cheirinho de amor. Sonhar com as fugas, com as cartas trocadas as escondidas. Só de imaginar sentia um arrepio bom queimando a pele. Acho que nada me agrada mais do que ver um bom e velho amor. Já disse e repito, amor pra mim tem cheiro de coisa antiga, aquele cheiro bom e aconchegante, cheiro de quem sofreu, lutou e no fim, abriu as janelas e deixou o sol entrar.
❝Já não vejo motivos pra um amor de tantas rugas não ter o seu lugar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário