quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Era pra ser sobre uma estrela cadente, mas acabei falando só de você.




Era uma estrela pequenina, mas brilhou no céu como uma velinha de aniversário brilhosa, que enfeita a vida por uma fração de segundos, trazendo um calor pro meu coração. Falei pra fazer um pedido, fiz o meu também. Já tinha você, então pedi pra te ter pra sempre. A estrela caiu, corri, procurei. A encontrei pequenina no chão, de frente para o portão. Faltava uma perna, a esquerda. Segurei-a com tanto cuidado quando pude. Ainda brilhava, fraca, mas brilhava. Uma mera lembrança do seu último momento no céu. Segurei-a contra o peito, colocando ali todo o amor que pude, numa esperança de que você pudesse sentir o mesmo que eu sentia naquele momento. Só queria poder estar perto, só ali do lado, deitadinha perto de ti. Li ainda pouco sobre quando o amor chega e coloca tudo no lugar. Daquele jeito, sabe? Vai ganhando espaço, vai fazendo esquecer que algum dia perdido de um mês tal e um ano aí, houve algo que te fez sofrer. Te faz dormir melhor, acordar melhor, comer melhor. Parece que o tal do melhor tá em todo lugar agora. Ele anda muito por aqui. E faz uma foto preta e branca ganhar cor, ganhar sentido pro vento. Eu pretendia falar da estrela pequenina que caiu pelo céu num sonho meu. Mas enquanto meus dedos se movimentam formando palavras no teclado empoeirado eu vou lembrando de como mudei. Acho incrível como 92 dias te mudam. Sei que são bem mais que isso, mas vou falar dos 92. Nasci em 92 também, mas isso não vem ao caso. O que importa aqui é como o passar dos dias fazem você se transformar. Aquele papo de que o tempo cura tudo, só o tempo te faz mudar e por aí vai é bobagem e não é. Ele muda, mas quando vem acompanhado de alguém como você, que fez o que fez em mim. Eu bem gostaria de saber o que foi feito com aquele aperto que vivia passeando por aqui pelo meu peito. Não, passeando não é a palavra certa, ele já estava morando aqui dentro para sermos mais exatos. Pra onde foram aqueles milhões de litros de lágrimas que podiam cair em qualquer lugar,  em qualquer momento, ou então se acumularem o dia todo pra transbordar no meu travesseiro e inundar meu rosto, quase me afogando. Sim, houve um tempo em que eu só tentava sobreviver durante o dia, desejando o momento que iria pra debaixo do chuveiro, na esperança de que a água lavasse minha alma e correria para minha cama. E faria toda uma retrospectiva da minha dor, da minha alegria, da dor novamente, da decepção, do meu coração tão partido, pisado, transformado em pequenos cacos que pareciam me cortar de raiva. Nunca pensei que um ser humano fosse capaz de suportar tanta dor. E mais que isso, suportá-la em silêncio. Em alguns momentos eu esqueço que passei por tudo isso, porque você chegou e me trouxe muito mais do que eu esperava um dia encontrar. Já havia me conformado com um sorriso perdido uma vez ou outra, em criar pequenas histórias na minha mente e assim dormir feliz. Já estava me transformando em alguém pronto pra escapar ao mínimo sinal de que algo não ia bem. Tornei-me uma covarde, eu sei. Então descobri que eu não sabia de nada. Que nunca tinha vivido algo realmente bom, verdadeiro e tão sincero. Não faço ideia de onde foi parar tudo o que eu era antes, nem faço questão de saber. Só agradeço por poder deitar e sonhar com você todos os dias. Por poder colecionar memórias e devo acrescentar com muito orgulho que só tenho memórias boas pra guardar, ótimas. Okay, esse é o momento em que eu deveria começar a ser melosa e falar o quanto eu te amo, o quanto eu quero viver o resto da minha vida do teu lado, termos três filhos, dois cachorros, sendo que o seu vai ser um monstro e a minha uma lady, que vamos morar primeiro num apartamento, porque nossa condição financeira ainda não seria das melhores e o quanto eu sempre vou adorar o seu carro antigo. Seria o momento exato para te falar que eu penso em você todos os momentos, que mesmo quando você me magoa tudo que quero é correr pra você, que as outras coisas na vida não tem graça se não forem compartilhadas contigo, que mesmo quando eu só quero chegar em casa e dormir eu adoraria que fosse a nossa casa, na nossa cama, tendo o teu cafuné. Que quando eu acordo no meio da noite com sonhos ruins eu gostaria muito que fosse como aquele dia em que você estava perto e me abraçou e disse que tudo ficaria bem. Seria a hora certa pra eu te dizer que só tenho olhos pra você, mas por favor, não pense que estou exagerando, nem que falo coisas vazias - falar por falar. Não meu bem. Apaguei o próximo trecho, ficou meloso demais, você me conhece bem, sabe que ás vezes eu adoço muito as coisas. Eu só queria encontrar um meio de te fazer acreditar que essa pequenina aqui só quer você. Alguns dias eu tenho vontade de largar o que tiver fazendo e ir até você, te olhar bem nos olhos e dizer que fui porque precisava dizer que te amava, não por mensagem ou qualquer outra coisa, mas dizer diretamente pra ti e ir embora, ou não, se você quisesse que eu ficasse. Já tive vontade de invadir sua casa e colocar em todo teu quarto que eu te amo, escreveria em quantos papeis minhas mãos pudessem aguentar escrever, mas aí eu tive medo que você pensasse que era um ladrão e chamasse a polícia, veja só que história interessante seria. Daí eu pensei em colar em teu carro, bem no painel, uma carta de amor, mas eu faria isso quando tinha 14 anos e achava que sabia o que era amor. Ainda não desisti dessa ideia, então amor, não se assuste se um dia você encontrar uma carta no carro. Isso me deu uma outra ideia até, mas essa não vou contar, quem sabe você descobre ela por aí, algum dia, de um mês qualquer, de um certo ano. E aí vim aqui falar um monte de coisas que parecem bobas, mas é só uma forma de te mostrar como gira minha cabecinha.  E sabe o porque de todo esse sentimentalismo lindo? De todo esse jeito de te amar? Talvez seja porque nenhum de nós queria nada, foi em um encontro de onde não se esperava encontrar. E aí mãos se encontram, assim como os lábios. Como o mar que varreu a terra naquela noite. Pode ter sido pela porta do carro que você abriu pra que eu entrasse e que foi causando vontade de voltar, foi fazendo com que se arrumassem desculpas. Na verdade  me ganhou na primeira noite, só por segurar minhas mãos enquanto dirigia, lembro que falei isso para todas as minhas amigas e sei que meus olhos brilhavam de mais. Mesmo que o medo de que aquilo ficasse só naquilo fosse muito grande. Se você não tivesse visto tão dentro de mim falando da forma que escrevo sem que eu precisasse te dizer uma palavra se quer sobre as dores que já encontrei pelo caminho, talvez não estivéssemos aqui. Só que você viu e deve ter gostado do que viu, mesmo que eu estivesse apática e azeda. Mesmo que o sorriso que coloquei no rosto num domingo de maio fosse um sorriso tão facilmente forjado, mas que se transformou em um sorriso bobo, simples e honesto que vive em mim dia após dia. E nos dias ruins é só do teu sorriso que a minha alma precisa pra deixar tudo de bem. Minha mente tá traçando planos pra amanhã, mas não consegue pensar em nada. Acho engraçado que a cada mês que passa é um texto que sai de mim. Não sei se você ainda gosta deles, mas eu escrevo pra você. Mesmo quando tudo que consigo dizer é "ELE". Eu escrevo pra você, até um ponto, uma vírgula, desenho um coração. Me precisa de volta? Eu te preciso. Eu te cuido tá? Eu te cuido em todo momento que você precisar. Quando quiser colo, te dou o meu. Se precisa dum sorriso eu levo pro cê. Gosto da quietude da gente, mas gosto do furacão também. Aquele que coloca as roupas no chão, que faz perder o colar que você tirou de mim, que deixa meu cabelo embaraçado. Gosto quando você me sonha, gosto mais ainda quando diz que quer me ver em plena onze horas da noite, quando ambos já estamos deitados, cada um na sua cama, prontos para dormir. Ai a gente vai sonhar, sonhar junto. Eu sei que ás vezes não faço as coisas como você espera, desculpa essa minha falta de jeito, mas juro que um dia aprendo. Minhas unhas da mão direita esquerda estão coloridas de vermelho. Vermelho deixa beijar. A outra mão ainda espera a vez dela, mas penso em você. E eu tenho medo menino, que alguém te roube de mim. Que um dia você encontre um sorriso perdido e goste dele, que por conta de uma conversa você se interesse e me esqueça, devagar, lentamente. Mas eu tento não pensar nisso. E quando olho o resto do mundo, eu fico procurando as partes de você nele. Procuro teus olhos, teus sorrisos, te procuro no muro pintado, na rua quente de dia, no vento que bate e me arrepia, num barulho de motor de carro. Eu te encontro mesmo quando a gente tá longe, porque essas coisas só me lembram você. Então não deixa eu me apagar dentro de você não, viu? Me liga no meio da noite se o peito doer, se não conseguir dormir. Me fala que tá doendo, pra eu ir lá cuidar, a gente volta onde tudo começou e começa de novo, só não fica remendando, nem empurrando com a barriga, pra depois não descobrir que cansou. Eu só não consigo encontrar o meio termo. Ou eu fico perto de mais ou perto de menos. Ou sou doce ou sou azeda, então me ajuda a ficar no meio, a ser medida exata na tua vida, pra que tu não enjoes e te vá. Eu sei que tem dias que a gente tá empoeirado, cansado, parece que envelheceu uns  100 anos, mas pode ser 92 também. Tem dias que a gente parece que tá de porre, chato e amargo, mas não deixa o amor se perder não. Quando eu estiver assim, fica pertinho, porque longe só dói mais, porque quando for você eu engulo minha dor e vou aí cuidar da tua. E com você eu quero viver as coisas boas, mas as coisas chatas também, como uma espera demorada, sentados naquelas cadeiras no meio do frio, jogando adedonha sozinhos. E mesmo que eu tenha medo de te ver correr, eu seguro firme no banco, porque nada me faz mais feliz do que ver aquele sorriso de satisfação que aparece no teu rosto e senta ali pra combinar com teus olhos brilhando de alegria. Hoje a tua cabeça tá longe. E tudo o que eu mais quero é que de noite chegue, pra eu poder te ver, te colocar nos meus braços pra tentar te fazer ficar bem. Porque se nada vai bem aí, por aqui também não vai. E aí, justo quando meu sorriso fica fraco porque parece que hoje você não tá nem aí, você me vem com aquele Amo tu linda e parece que o sol acaba de surgir lá fora.  Ah, eu já ia embora sem falar das rosas. Ontem fui dormir e um cheiro gostoso invadiu meu quarto. Foi a última flor que você me deu, eu sei que ela já está murcha, mas amor ela ainda continua cheirosa e quando eu pensei em você o cheiro me invadiu e eu deixarei ela guardada junto com as outras, na caixinha que você fez pra mim.