"Era tudo apenas uma imensidão de silêncio. O cair suave da neve doía e fazia sofrer. O pequeno raio do amanhecer parecia devastar e tragar tudo dentro de mim. Eu só queria encontrar um meio de fazê-la vir comigo. Procurei em vão respostas para perguntas que rodavam em círculos. Tudo um circo. Eu deveria saber que não seria fácil. Eu deveria ter previsto que ela iria embora. E foi tudo perdido tão facilmente."
Agora estamos aqui, de volta ao começo. Eu não sei como perguntar seu nome, mas quero lhe dizer o meu. Ensaio em minha cabeça mil modos de te dizer: Olá, me chamo Joe. Mas sei que você vai apenas sorrir e fazer alguma piada boba sobre o meu cabelo vermelho. E no fundo, eu prefiro isso a esse silêncio.
Estamos em 1983. Um verão maravilhoso em que nos encontramos de mãos dadas. Você olha pra mim de canto de olho e eu apenas sorrio. Eu quero beijá-la, mas não sei se deveria. Seu polegar faz desenhos engraçados na borda da minha mão. Eu quero beijá-la. Você sorri.
Seus cabelos tocam suas costas, se enrolam numa profusão de perfeitos cachos. Tudo nela era perfeito. Eu vejo os raios de sol banharem a parte nua do seu corpo. Tudo reluz, mais do que ouro. Ela era como uma estrela. Ela era o sol. Como eu tenho sorte.
Eu estou de frente para o espelho enquanto você tenta arrumar o nó da minha gravata. Meus braços correm para sua cintura, enquanto você reclama e sorri. E eu adoro isso. Adoro a sua voz tão doce. Adoro a forma como as covinhas aparecem no seu rosto quando você sorri. Adoro tudo que se refere a você.
Eu pensei que jamais tinha visto algo tão lindo, até o dia em que a vi de branco. Mas não foi a roupa que fez tudo isso surgir em mim. É porque naquele dia você seria minha. Olhos claros, rosto marcado de sardas, cabelos enrolados ao vento. Lorraine. Minha Lorraine.
1989. Uma miniatura de você corre pela casa. Eu não sabia que poderia me encantar tão profundamente. Tudo em você resplandece como felicidade. Tudo o que você faz e as palavras que você me diz, me fazem querer viver para sempre ao seu lado.
1990.1995.2000.2005.2010.
Suas mãos, já tão marcadas pelo tempo, envolvem meu pescoço. Eu olho nos seus olhos do mesmo modo que faço há mais 20 anos e sinto a mesma vontade de beijá-la. Lorraine. Sussurro.
3 comentários:
"Eu olho nos seus olhos do mesmo modo que faço há mais 20 anos e sinto a mesma vontade de beijá-la. Lorraine. Sussurro."
Desejo no futuro ser este a sussurrar para minha amada..."te amo, minha flor"
Esse texto sempre me emociona.
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