segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Palavras por você


Ela brincava feliz com uma mecha solta do cabelo. Eu gostava de ficar ali, só observando enquanto ela se admirava com os riscos de sol que batiam nas pedrinhas molhadas de garoa. Ela tinha um jeito de menina-moça que me cativava. Eu ficava horas deitado naquela cama observando ela dormir, tendo meu colo como travesseiro. Não falávamos muito nesses momentos, na maior parte das vezes apenas nos olhávamos e nos amávamos. 

Era um silêncio calmo, íntimo e profundo. Eu a entendia apenas pelo olhar. Uma vez coloquei lágrimas ali e me arrependo até hoje por isso. Se a fiz chorar em minha frente, dói mais ainda só de pensar nas noites em que ela ficou só e chorou em silêncio. Isso parte meu coração, dói lá na alma, machuca e sufoca.

Dia desses sonhei que a perdia. Doeu. Nunca havia sentido aquilo, tamanha a intensidade daquela dor. Sufocou. Andei pelo apartamento, abri janelas, liguei o ventilador no quarto vazio, marcado pela lembrança da noite anterior. Tomei um banho, mas foi pior, ela não estava ali comigo. A água quente percorria meu corpo e ao invés de aliviar tornava tudo mais sufocante. Eu a queria. E a queria já, naquele momento, no meio daquela madrugada. Me encostei na parede e deixei meu pensamento viajar até ela.


Sorrisos, covinhas, olhos fechados, ela deitada sobre mim, suas mãos percorrendo minhas costas, o cheiro da pele dela, o formato dos seus lábios, o calor da respiração que aquecia meu pescoço.


Desejei ardentemente que essa noite terminasse e o dia seguinte chegasse, trazendo ela pra mim. Queria o abraço dela, sentir o cheiro dos seus cabelos, ouvir mais uma vez a sua voz. Ter certeza de que seu coração ainda me pertencia. Deitei outra vez na minha cama. Me deixei envolver pelas lembranças da primeira vez em que ela esteve ali. Da primeira noite em que ela dormiu ao meu lado. De como ela marcou o colchão. Sorri ao lembrar do jeitinho meio desastrado que só ela tem, que graça de menina. E quando vi, adormeci.


Abri os olhos de manhã cedo. Quase pude sentir ela do meu lado outra vez. Procurei meu celular. Precisava dizer pra ela que eu a gostava. E quando lembro que um dia podia tê-la perdido... Bem ali, na beira do mar. Mas ela ficou. Pelos céus, ela ficou. E eu precisava apenas que ela continuasse ali, do meu lado. Sendo a outra metade de mim. E eu faria o que fosse, só pra ver aquele sorriso mais uma vez. E se eu estar do lado dela fosse razão para isso, então ali eu permaneceria.

Nenhum comentário: