segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Minha, minha, minha.


Eu criei um lugarzinho pra você. Não é grande, nem pequeno demais. Ele tem a forma certa, a dimensão exata. Com o tempo a gente vai arrumando ele, vai criando espaço, vai colorindo. Eu tentei encontrar dentro de mim as coisas que você mais gosta. Eu coloquei elas bem ali, tá vendo? Bem pertinho de ti. Eu andei um tempo por aí, e nesse meu percurso eu juntei muitas coisas, se você abrir aquele armário você poderá vê-las. Hoje de manhã quando eu acordei eu te enviei um abraço meu. Não sei se você percebeu, mas é porque tenho pensado muito em ti. Quando vou dormir eu te penso e te tenho. Mesmo quando não sonho, você está ali. Ah, olhe através daquela janela uma vez ou outra. Não pode ser sempre, pra não perder o mistério. Mas a cada vez que você olhar ela se tornará mais límpida, até ficar transparente e quando ela estiver clara como água, eu amarei você. Desculpa estar te dando essas recomendações, mas é só pra você ver que me preocupo com você. Eu me entendo, ao menos mais do que você. E me conheço o suficiente pra saber que sou um mistério e você também é. Você é meu mistério. Eu sou o seu. E quando vier o tempo ruim abre outra vez aquele armário. Lá tem cobertor, tem porta-retratos e tem uma garrafa cheia de nescau. Eu sei que você gosta dele gelado, mas quando esfria a gente tem que se esquentar. Naquele armário você vai encontrar as razões que vão te fazer ficar quando o jardim estiver precisando ser aparado, quando as frutas precisarem ser colhidas, para que não se estraguem. E eu sei que você vai cuidar sempre desse jardim, mas é que tem momentos de chuva e nesses tempos ou você dança nela ou você foge e deixa o mato crescer. E eu prefiro dançar nela, de preferência com você. Porque se o mato cresce, vem cobra pra picar a gente. E é assim que se perde o tesouro meu bem. Quando for noite e eu não puder estar com você, procura a lua. Eu gosto tanto dela. Ah, meu bem, eu te gosto tanto. Eu poderia ficar todas as noites sentada naquele rochedo perto do mar, te abraçando e vendo a lua brilhar. Se você soubesse o quanto isso me faz bem. Olha pra mim, olha daquele jeito, que nem naquele banho, em que eu te vejo de rostinho corado, cabelo molhado e tuas costas toda pra mim. 


Me dá aquele teu meio sorriso. Não, me dá ele inteiro, nada de metades. Me aquece com aquele teu olhar claro, que faz tremer algo por dentro. Me dá você todo pra mim. Me envolve com esse teu corpo que cobre o meu naquele lugar tão nosso? Me cala com teus silêncios gostosos. Me deixa sem graça, irritada, louca. Mas me deixa com você. Me põe pra dormir. Me deixa te cuidar? Me deixa passar as mãos nos teus cabelos e te falar o quanto você é lindo? Me chama a atenção, mas não me deixa com dúvidas. Me beija a boca devagar. Me beija rápido. Segura minha nuca, joga por algum lugar minha blusa? Corre. Tira a cama do lugar, me joga nela, apaga a luz, acende a do banheiro, me olha, só me olha. Me tem. Me esculta respirar. Me queira. Me deixa ficar ali. Me chama pra virar a noite. Me deixa te beijar? Me liga no meio da noite e fala baixinho que me adora. Me ouve se eu te ligar ou mandar uma mensagem só pra dizer que eu não consegui dormir e precisava do teu abraço. Me chama de lerdinha. Princesinha. Minha menina. Moça. Frô. Ou fala que eu vou ser toda sua. Eu mudo meu nome, me chamo Minha. Só pra te ouvir repetir: Minha, Minha, Minha. Pra eu continuar sendo tua.




Eu tenho gravado em mim teus olhos. Eu sei de cor o formato do teu rosto. Tenho desenhado em mim os teus sinais. Sei o tom exato da tua pele quando me vê. Reconheço de longe tua voz. E meu corpo se molda no teu. Mas também te desconheço em tantas coisas. E fiz as malas. Joguei tudo que vou precisar. Porque eu fiz uma escolha e vou permanecer nela. Te amar. Pode ser que demore, quem sabe não. Mas, príncipe eu te quero tanto. Eu tô te escrevendo em mim. E tem ficado lindo o teu nome junto do meu.


Com todo o meu carinho que eu quero que seja tão teu quanto eu.

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